Entrevista com o PCA da Imobiliária, Fundiária e Habitat, Eng.º José Miguel Martins

Como observa a atuação e importância da IFH para o mercado imobiliário e o país? 

JMM: A IFH, na qualidade de braço armado do Estado para o setor da habitação, é uma organização central para a materialização das políticas do Estado para o setor da habitação, portanto, deste desígnio se pode depreender a importância da IFH para o mercado imobiliário em Cabo Verde.

Paralelamente e em consonância com esta definição, a IFH situa-se dentro do mercado de habitação nos subsetores onde o privado não atua ou não consegue alcançar por si só, com o objetivo de criar de cidades resilientes, que potenciem o desenvolvimento urbano sustentável, combatendo a criação de guetos e de bairros socialmente degradados, através do desenvolvimento de urbanizações e projetos habitacionais que deem vazão às necessidades da população, possibilitando que a habitação seja o centro do universo do desenvolvimento das famílias. A partir de uma habitação condigna, liberta-se a criatividade e o contributo positivo que a família pode dar para a sociedade. Portanto, é um papel de extrema importância para o mercado imobiliário nacional, porque cabe à IFH trazer soluções que venham de encontro à política do setor da habitação e às necessidades da população. 

Qual a estratégia para que a IFH continue a liderar o mercado imobiliário nacional? 

JMM: A IFH por tudo o que construiu no decurso dos seus 38 anos, por todos os projetos que tem em carteira, por toda a bolsa de terrenos em sua posse, alguma da qual já projetada para investimento, lidera o setor imobiliário em consonância com a grande responsabilidade que tem no país. Contudo, a preocupação da empresa nunca deverá ser liderar, mas sim dar respostas às necessidades do setor imobiliário. Mais do que definir estratégias para liderar o mercado imobiliário nacional, cabe à IFH dar vazão às necessidades do setor da habitação, para que se crie continuamente cada vez melhores cidades, mais inclusivas, mais sustentáveis, zonas urbanas e periurbanas bem consolidadas, com atenção a todos os aspetos que enformam o setor da habitação.

Para este ano quais são as novidades da IFH? 

JMM: A IFH tem em carteira diversos projetos interessantes, alguns são novidades e outros de continuidade. Por um lado, temos os projetos que estamos a consolidar, tanto a nível das vendas das habitações nos empreendimentos espalhados pelo país, como a nível das vendas de lotes de terrenos nas urbanizações construídas pela empresa, nomeadamente: Ponta d’Atum, terminada no ano passado e que ainda se encontra em processo de venda; Palmarejo Grande, que foi contruída já algum tempo, mas que ainda temos lotes disponíveis para venda. Por outro lado, temos novos projetos em fase de lançamento, a saber:

  • Zona 5 do Palmarejo Grande, a IFH tem um projeto de loteamento em aprovação na Câmara Municipal da Praia, para alteração do uso que permitirá dar vazão a um nicho de mercado no setor da habitação;
  • A urbanização Quinta de Sant’Anna em São Vicente, processo em fase de contratualização com a empresa que vai fazer a construção da urbanização. Trata-se de um investimento de avultado em 8ha de terreno numa zona privilegiada para a expansão urbana da cidade de Mindelo, aliás, é a zona de expansão mais próxima do centro histórico da cidade. É um investimento muito importante para a IFH e acreditamos que venha ser um polo de investimento e desempenhar um papel de relevo para a cidade mindelense, à semelhança do que a urbanização Palmarejo Grande representa para a cidade da Praia e do que a urbanização Ponta d’Atum representa para o Tarrafal de Santiago; 
  • A urbanização de Achada Limpa em fase de projeto. Trata-se de uma área de expansão da cidade da Praia, onde devido à dimensão do terreno, 220 hectares, dividiu-se em quatro Plano Detalhados, dos quais já temos projetados o PD 1 e 2, e está em curso a projeção dos PD 3 e 4. Para este último aguardamos pelo contributo da Câmara Municipal da Praia, pois trata-se de uma urbanização que poderá dar vazão à procura de lotes para a expansão da cidade da Praia, com lotes para as diversas capacidades de aquisição, mesmo das classes mais vulneráveis, mas também lotes de terreno para indústria, para os serviços e para uma grande panóplia de equipamentos urbanos. Contamos este ano finalizar em parceria com a Câmara Municipal da Praia os PD 3 e 4 e ter a aprovação para começar a execução da Urbanização;
  • Temos o projeto de um edifício inacabado que está na esfera jurídica do Estado, onde estamos em negociação com o Estado para a IFH adquirir esse edifício, acabá-lo e colocá-lo no mercado;
  • A finalização do edifício Central Park é também uma das novidades de 2021, pois que este passou para a esfera da IFH.

Portanto, temos uma série de desafios para o ano de 2021 e uma série e realizações que pretendemos atingir ao longo do ano. 

Qual a visão/posicionamento que a IFH pretende com estes novos projetos? 

JMM: A IFH tem apostado fortemente na disponibilização de lotes de terreno urbanizados que permitam o desenvolvimento sustentável e uniforme dos Concelhos do país onde se conjetura crescimento demográfico. Neste sentido queremos continuar a apostar em novas urbanizações e loteamentos lá onde se manifestem necessários. As urbanizações mais recentes (Ponta d’Atum e Quinta de Sant’Anna) vêm ao encontro desse interesse, o mesmo sucederá com a urbanização de Achada Limpo e com o loteamento da Zona 5 em Palmarejo Grande. 

 Tem sob sua alçada os pelouros Direção Comercial e a Direção Técnica, quais os desafios? 

JMM: No conjunto dos pelouros sob minha responsabilidade não podemos deixar de lado o Gabinete Jurídico e do Gabinete do Conselho Administração, no qual está alocado a unidade de Comunicação e Marketing. Percebo o destaque para a Direção Comercial (DC) e a Direção Técnica (DT) por causa da relevância que têm no funcionamento da empresa, mas todas as unidades orgânicas são essenciais para a IFH. O desafio conjugado é conseguir que todas as unidades orgânicas tenham uma comunicação fluída, onde as informações e decisões são partilhadas, com grande envolvência entre todas as unidades orgânicas e que sirvam de apoio umas às outras, permitindo que a IFH fale a uma só voz e mova-se como um bloco.

Particularizando, no caso da DC estamos a falar de uma unidade orgânica(UO) com 14 colaboradores, 5 prestadores de serviço distribuídos por dois núcleos, um dedicado aos processos de venda e outro dedicado aos processos de cobrança. A IFH construiu no âmbito do projeto Casa para Todos aproximadamente 6.000 imóveis, que em conjunto com os lotes de terrenos nas urbanizações construídas têm sido vendidas através da DC. A magnitude destes números permite por si só imaginar os desafios que enfrenta esta UO. Os desafios da DC são também os meus desafios. No que concerne à DT, a UO além de servir de suporte a todas as construções que se têm realizado, às projeções das novas urbanizações e todas as tarefas conexas com estas funções, encarrega-se da gestão do pós-venda de modo a garantir a satisfação dos clientes da IFH. Com a dimensão do programa Casa para Todos e os diversos projetos de urbanização projetados ou em projeção, acima mencionados, um dos quais materializado em 2019-2020, pode-se ter a ideia dos desafios que enfrenta esta UO. Igualmente os desafios da DT são também os meus desafios.

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